quarta-feira, 19 de maio de 2010

Gravidade - parte I

Subiste ao alto da montanha e olhou para os lados
Sentiu as nuvens e o vento
Olhou para baixo e para cima
Escolha voar? Ou voltar para superfície?
Mas tu, que segues várias leis
Segues também a da gravidade
Andas em linha reta
Anda de olhos fechados,e o que ecoa nos teus ouvidos
É o que soa de todas as vozes
Tu que segues no chão, tem difículdades de olhar quem voa
Imagem difícil de se decifrar
E tu, que criastes asas, entende os passos de quem anda
E vê o quão fácil se é andar
Mas agora te digo, não queima teus olhos
Escale montanhas.


Gabriel Amaral

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Gravidade - parte II (Alto e Crescente)

E agora, que voas alto
Olha a superfície de outra maneira
Terá tuas asas força suficiente para manter voô?
No alto, as pessoas vão querer te ferir
Com gritos e lanças
E se não for por isso, vai ser pelo tráfego venenoso
Voa ainda mais alto
E se fores por terra, procuras o caminho mais silente.
Repousas em ti, tu mesmo.


Gabriel Amaral

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cores na Folha

De todos os fatos vividos, e não lembrados, o que se destaca, é o ter sonhado.
Lembras que te mostraram o defeito. E olhas com mais clareza ao ponto preto.
De que me vale uma imensidão clara, se me escurece em tal ponto.
O tempo, que vós me fala, é a outra folha sobreposta.
Que por mais branca que possa parecer, o preto ainda se sobresai.
São as marcas que te digo. Cores em uma folha branca.
Nunca passamos incólumes, as cores são inerentes.


Gabriel Amaral

Ser

Me queimar com minhas próprias chamas
me erguer das cinzas e ser

Tudo que me prende
é tudo que escolhi pra mim
As coisas que agarro não me ancoram mais

Agora procuro moldar o tranquilo
Mergulhar no meu próprio lago
E viver como um peixe

Nos lugares que ando
eu vejo minhas pegadas
Sinto-me como um feto
Eu sei que vou nascer

Há uma ampla distância entre eu e mim


Gabriel Amaral